sábado, 30 de junho de 2012

A Camponesa e o Imperador

O imperador de Akbar interrompeu sua caçada no bosque, ajoelhou-se, e fez as preces da tarde. Nesse momento, uma camponesa que corria pela floresta atrás do marido perdido, tropeçou no imperador ajoelhado.
Sem pedir desculpas, seguiu adiante.
O imperador de Akbar ficou contrariado, mas – como bom muçulmano – não interrompeu o que estava fazendo.
Meia hora depois, a camponesa voltava contente, junto com o marido, quando foi presa e levada até Akbar.
“Explique-me seu comporta¬mento desrespeitoso, ou será condenada!”, bradou o imperador.
“Eu pensava tão intensamente no meu marido, que nada vi. Vossa Alteza pensava em alguém muito mais importante que meu marido, como foi que me viu?”
O soberano não respondeu nada. E mais tarde confidenciou aos amigos que uma simples camponesa lhe havia ensinado o sentido da oração.

Fonte: http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/

terça-feira, 12 de junho de 2012

Eu, um copo descartável - PUCRS



     “Estava eu, sozinho, a pensar, juntamente com os meus companheiros de fábrica e de produção de copos, que eu os conheci quando saímos da fôrma. Em minha pálida solidão e bastante angustiante, onde a qualquer momento tudo poderia mudar, claro, vai que chega por aí um humano e me tira do pacote de embalagem! – Esperava ainda a minha vez de ficar bem pertinho da boca do saco e ser entrelaçado pelos dedos humanos e ser beijado por lábios macios e com sede. Eu não tenho uma vida curta, como muitos humanos pensam, só porque sou um simples copo descartável. Eu ainda posso viver e muito no meio ambiente de vocês, humanos. Mesmo quando sou amassado, rasgado e jogado fora, ainda ficarei anos e anos no seu meio ambiente até eu ser totalmente decomposto. Assim, quando sou jogado no meio da rua, rebolado pelo vento e parando em qualquer canto de calçada, mesmo todo amassado e rasgado, tudo bem, pelo menos, nenhum humano me mordeu entre os dentes só para passar o tempo.

     Depois da surra que levei do vento e se já passaram as 6 horas da noite, agora posso descansar sossegado. Logo cedo, pela manhã, esperarei o gari com sua pá, e forçadamente, pegarei o meu expresso para o lixão e suas rodas tortas pelo uso. Viajarei por todo o dia, visitando lugares imundos, repugnantes e apertado, pois a cada parada, o expresso ficava mais lotado. Serei jogado fora mais uma vez, nesses locais apropriados e longe da sociedade que, vocês, humanos, chamam de lixão. Nesse meu pensar histórico, ficarei aqui, parado, por gerações da sua espécie humana. Alcançarei até a segunda geração de vocês, humanos, e daquele que me jogou na rua e me separou dos meus amigos do pacote e assim, vim parar aqui, no lixão. Serei morto (desgastado) aos poucos e vou apreciando o seu mundo sendo engolido, devastado pelo lixo e por milhares de parentes meus de plástico. Não que afirme isso por raiva ou fúria de vocês, humanos, mas pelo descaso que vocês mesmos fazem com o lixo. E mais, não tenho culpa se você me criou e depois não inventou uma forma de me reaproveitar.

     Depois, pense direitinho... Quem é descartável? (Eu, um copo de plástico) e quem tem uma vida curta?(Eu, um copo de plástico). Vocês humanos quase não chegam aos 100 anos! Eu sim, ultrapasso! – Desta forma, sempre serei uma história viva e um problema eterno para vocês e seu planeta, e serei capaz, junto com meus parentes, fundar uma nação de plástico. Desculpe-me se fui bem verdadeiro, mesmo assim, foi um prazer em te conhecer, mas fique sabendo, eu vivo mais do que você”.

Conscientização plástica, o planeta precisa disso!


José Luiz Barbosa Júnior,
Água Branca - PB - por correio eletrônico
Endereço eletrônico: zelucom@hotmail.com